
Somos Todos Vasos Estragados.
Não queremos crer e muito menos admitir, mas todos somos vasos estragados. Devemos lidar uns com os outros como seres estragados. Nunca estamos plenamente satisfeitos com o que somos, com o que temos, com o que fazemos, com o que nos acontece, com a idade, com as amizades, com o dinheiro, com a vida.
Uns mais, outros menos, todos nós temos problemas com a raiva, a ansiedade, o tédio, a baixa e a alta autoestima. Nas relações uns com os outros, somos um desastre. É difícil fazer e manter amizade por longo tempo, porque somos invejosos, ciumentos, impacientes, irritantes, implicantes, violentos, egocêntricos e “imperdoadores”. Vivemos entre o amor e o ódio, a euforia e a depressão, o perdão e a vingança, a vagarosidade e a pressa, a hesitação e a precipitação, a vivacidade e a apatia.
Na área sexual temos mil problemas: falta de naturalidade, sentimento de culpa, iniciação precoce, insatisfação, gravidez indesejada, aborto, infidelidade conjugal, disfunções sexuais, homossexualidade, doenças sexualmente transmissíveis, pornografia, prostituição, violência sexual.
Carregamos desejos efêmeros e custosos demais que não conseguimos medir, avaliar nem manter sob controle. A psiquiatria diz que a compulsão por uma coisa ou por outra “é a busca imediata de prazer, sem planejamento, que produz satisfação e alívio imediato”. Pode ser a compulsão por compras, álcool, drogas, sexo, dinheiro, projeção social etc. Desejos doentios destroem desejos sadios, o que nos obriga a viver em tratamento.
Quanto à religião, somos um fracasso. A história está cheia de guerras religiosas. Ora brigamos com a ciência em nome da religião, ora brigamos com a religião em nome da ciência. Ora não temos fé alguma (ateísmo), ora temos fé em demasia (fanatismo). Ora não sentimos culpa de nada, ora temos a pavorosa mania de pecados. Ora estamos montados em nossos pecados, ora os pecados estão montados em nós. Ora chegamos a Deus para obter misericórdia, ora chegamos a Deus para obter conforto e riquezas. A doença nos apavora, a velhice nos apavora, a morte nos apavora, o outro mundo nos apavora. A rigor, somos vasos estragados e também apavorados.
Só uma coisa pode diminuir esse pavor e até mesmo acabar com ele. Só uma coisa pode resolver o problema do vaso estragado, do corpo estragado, da alma estragada, da vida estragada. É aquilo que se chama de esperança cristã. A vida não tem significado algum sem essa esperança. Deus não merece culto se não há esperança à vista. Não seríamos insistentes e teimosamente religiosos se essa esperança não fizesse parte de nosso inconsciente e da nossa consciência. Somos vasos estragados, mas não fomos criados estragados. Aquele que nos criou completos, saudáveis, felizes e santos vai nos tornar outra vez completos, saudáveis, felizes e santos por meio de Jesus Cristo.
O vaso estragado que se deixa possuir por esta esperança é transformado dia após dia, como a luz da aurora que vai brilhando e brilhando até ser dia perfeito.